Cor de Rosa

Entreva-se um aperto motriz
uma ânsia no corpo.
O invólucro rijo de um coração mole
tenta segurar as pontas de um mundo torto...
...mas sabe a tão pouco!
Insistimos, estendemos as mãos
tentamos equilibrar-nos pés para nos mantermos sãos.
Queremos suster um mundo desbotado, mal amado, na ponta dos dedos
e alivia-lo de todos os degredos.
Prolongar uma vida interrompida.
Até aos joelhos enterrados a peso
sobra-nos um botão de força, ileso
para amainar o sujo dessa torrente lamacenta, desmedida.
E ai, no Mundo
palpita uma pedra
Cor de Rosa
de uma luz crédula, preciosa
de um olhar que ajudamos a nascer
de um minuto que levamos a esquecer
da dor que conseguimos matar.
Aos raros que conseguem acreditar.


ps: inspirado no post da Pris "Um dia de trabalho" e
respondendo parcialmente ao seu desafio

3 comentários:

A Pris disse...

"Insistimos, estendemos as mãos
tentamos equilibrar nos pés para nos mantermos sãos.
Queremos suster um mundo desbotado, mal amado, na ponta dos dedos
e alivia-lo o de todos os degredos.
Prolongar uma vida interrompida."

Que bela expressão de quem nós somos
Que bela homenagem a todos nós
Mais uma vez transmites o certo através da tua arte incerta
(q tal heim?)

nar6 disse...

Diria Quintana que "um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele"

Mto bem!

LetrasAlinhadas disse...

Gostei uito do teu blogue, parabéns. Tem uma estructura muito cuidada, e agrada-me porque sem querer parecer pretensioso, faz-me lembrar o meu....A tua forma de escrever é excelente, muito mais própria à poesia que a minha. Vou seguir-te atentamente!
Um beijo muito grande