Pedaços de mim

As persianas enferrujadas lutam para não descer
entre os mundos do ser ou não ser.
Afunda-se-me na pele a encruzilhada de lençois
das majestades que dormem comigo.
Dou mais uma volta envolta em regaços de saudades
que transbordam dos poros do meu porta-retratos.
Agrafaram-me aqui entre o latejar do cansaço
e o eco estridente do silêncio
e deixaram essas partes somadas que sou eu,
essas somas divididas de casulos chocos,
fora da validade
do quanto me valem essas sobras de mim.
Porque eu somos Nós e Ele,
um contador de histórias,
uma décima de animal
e o sorriso inocente de três crianças.

3 comentários:

Anônimo disse...

uma vez mais, muito à frente..

faz-me lembrar ou parecer a descrição do adormecer.. fantástico!

é claro que é apenas o que me lembra.

brosnea disse...

Continuas a modificar a tua escrita. O teu vocabulário está aos poucos a mudar. E remete-me claramente para o dominio do teu universo com aquela combinação vertiginosa e irregular de palavras cheias de significado!
Be safe*

A Pris disse...

Dou mais uma volta envolta em regaços de saudades
que transbordam dos poros do meu porta-retratos.


esta na hora de deixares de dar voltas nesse regaço