Pessoa em part-time


De corpo presente, ausente de mim
procuro o rasto morno na minha lama.
Contemplo destas janelas ocas
daqui parecemos todos iguais,
peões de xadrez em trincheiras cinzentas
resquícios de pólvora em pavios esgaços.
Já descobrimos e fomos descobertos
já nos encontramos
e nos demos como incertos.
Depois de canhões de farsas
e de overdoses de sentidos,
ficam pilha de carcaças
entre sortudos iludidos.
Sou pessoa em part-time.
No resto, sou um bocadinho de tudo.

3 comentários:

Anônimo disse...

"peões de xadrez em trincheiras cinzentas".. uma belíssima visão.. adoro a ideia!

brosnea disse...

Tenho noção q os 2 ultimos versos destoam do resto do poema. Tás diferente. Observo evolução nos teus ultimos escritos. (Não sei se é bom ou mau, é diferente) Fazes-me lembrar uma flor a desabrochar. Ao fazê-lo tocas nos outros mesmo q não seja esse o teu objectivo. Para alem disso, noto menos o Eu e mais o Nós. Como te disse, n me refiro só a este.
Peace**

João Sousa disse...

"Depois de canhões de farsas
e de overdoses de sentidos,
ficam pilha de carcaças
entre sortudos iludidos"

gosto particularmente desda parte... porque é acima de tudo real, muito real mesmo...

e ao fim ao cabo concordo com o conceito de pessoa em part-time... no fundo quando nos debruçamos realmente sobre o assunto faz sentido...

mas antes em part-time do que a recibos verdes... lol

beijos :)
keep up the good work